A questão do conhecimento desde muito cedo surgiu como problema para a filosofia. Afinal, é a sabedoria um conhecimento? Existem, com relação ao conhecimento, inúmeras questãos intrínsecas, o que no mérito do fato, diz respeito ao próprio filosofar, e em termos relacionáveis, diz respeito também ao que é a verdade.
Não caberá aqui um esboço acerca do que são filosofia, verdade e conhecimento para a filosofia antiga e as posteriores nuances que estes sofrem nos outros períodos históricos. Pretendo apenas esboçar, ou tentar esboçar, a interpretação de Heidegger para essas questões. E isto de maneira indireta, perpassa sua crítica à modernidade -sobretudo àquelas questões acerca da objetividade - e a sua recolocação da ontologia.
Heidegger sabiamente aponta que antecipadamente a toda colocação ôntica, vigora uma questão ontológica. O que está em questão sempre é o ser, mas não propriamente, ou apenas, o ser do ente ao qual a cada vez nos voltamos, mas àquele ser que se está sendo naquele olhar para o ente, naquela participação ou co-pertença que diz acerca de um ente qualquer. Isto é o que se convencionou como ver em perspectiva, e é de inspiração fenomenológica. A fenomenologia chamou a atenção para como se "olha" as coisas, ela propriamente se interessa pela relação, afinal aquilo que se diz acerca de um ente externo, diz muito acerca de quem diz. A nuance, ou a mudança, que se adquire da fenomenologia de Husserl para a ontologia de Heidegger, pouco ou quase nada nos interessa aqui. Pois com o que foi dito acima, já podemos alcançar a crítica de Heidegger à modernidade, ou mais especificamente, a maneira como a modernidade tratou o conhecimento.
A etimologia da palavra conhecimento (gnosiologia), tanto em grego quanto em latim dizem coisas muito próximas: elas falam de nascer, de geração. Não quero com isso ignorar toda possível crítica de Heidegger às traduções latinas, mas apenas lembrar que toda a modernidade fala e faz do conhecimento algo bem diverso do que essas duas palavras possivelmente dizem.
A partir da leitura de Heidegger, apontarei duas críticas:
A primeira se trata da estrutura proposicional. Esta se sustenta na divisão sujeito/predicado. Ela é, obviamente, uma estrutura usual, toda a linguagem se assenta sobre esta dualidade. Porém, o lugar onde esta dualidade tributa sua origem não é dual, quer dizer, sujeito e predicado se co-pertencem mutuamente, e o lugar desta origem diz respeito a uma possibilidade aberta e tornada usual, e isto passa despercebido na prática que se faz da verdade ligada à representação. Representação diz justamente de algo que não está presente, que está separado (p.ex. a relação sujeito/objeto), e a verdade da modernidade é a verdade desta separação.
A segunda crítica diz respeito à causação ôntica. Curiosamente, esta crítica também aponta para a não-presença dos dados, daquilo que a ciência toma para si como conhecimento. Quer dizer, um corpo humano são um conjunto de células e órgãos, o resultado de composições químicas e físicas ou a inteiração psicossomática de um sujeito específico? Este cálculo inadequado dos efeitos se anulam, não dizem, pois não apontam para o que vige, isto é, para a presença. Percorrendo o caminho inverso do devir, elas encontram algo não essencial da presença, algo que sobrevenha como precaução ou mesmo substituição. Com esta crítica não se quer eliminar toda esta forma de proceder, mas apenas ganhar o que porventura perdeu-se na busca da sabedoria. E isto diz respeito ao deixar ser, à presença como finitude, e ao aspecto não-causal da existência.
Não caberá aqui um esboço acerca do que são filosofia, verdade e conhecimento para a filosofia antiga e as posteriores nuances que estes sofrem nos outros períodos históricos. Pretendo apenas esboçar, ou tentar esboçar, a interpretação de Heidegger para essas questões. E isto de maneira indireta, perpassa sua crítica à modernidade -sobretudo àquelas questões acerca da objetividade - e a sua recolocação da ontologia.
Heidegger sabiamente aponta que antecipadamente a toda colocação ôntica, vigora uma questão ontológica. O que está em questão sempre é o ser, mas não propriamente, ou apenas, o ser do ente ao qual a cada vez nos voltamos, mas àquele ser que se está sendo naquele olhar para o ente, naquela participação ou co-pertença que diz acerca de um ente qualquer. Isto é o que se convencionou como ver em perspectiva, e é de inspiração fenomenológica. A fenomenologia chamou a atenção para como se "olha" as coisas, ela propriamente se interessa pela relação, afinal aquilo que se diz acerca de um ente externo, diz muito acerca de quem diz. A nuance, ou a mudança, que se adquire da fenomenologia de Husserl para a ontologia de Heidegger, pouco ou quase nada nos interessa aqui. Pois com o que foi dito acima, já podemos alcançar a crítica de Heidegger à modernidade, ou mais especificamente, a maneira como a modernidade tratou o conhecimento.
A etimologia da palavra conhecimento (gnosiologia), tanto em grego quanto em latim dizem coisas muito próximas: elas falam de nascer, de geração. Não quero com isso ignorar toda possível crítica de Heidegger às traduções latinas, mas apenas lembrar que toda a modernidade fala e faz do conhecimento algo bem diverso do que essas duas palavras possivelmente dizem.
A partir da leitura de Heidegger, apontarei duas críticas:
A primeira se trata da estrutura proposicional. Esta se sustenta na divisão sujeito/predicado. Ela é, obviamente, uma estrutura usual, toda a linguagem se assenta sobre esta dualidade. Porém, o lugar onde esta dualidade tributa sua origem não é dual, quer dizer, sujeito e predicado se co-pertencem mutuamente, e o lugar desta origem diz respeito a uma possibilidade aberta e tornada usual, e isto passa despercebido na prática que se faz da verdade ligada à representação. Representação diz justamente de algo que não está presente, que está separado (p.ex. a relação sujeito/objeto), e a verdade da modernidade é a verdade desta separação.
A segunda crítica diz respeito à causação ôntica. Curiosamente, esta crítica também aponta para a não-presença dos dados, daquilo que a ciência toma para si como conhecimento. Quer dizer, um corpo humano são um conjunto de células e órgãos, o resultado de composições químicas e físicas ou a inteiração psicossomática de um sujeito específico? Este cálculo inadequado dos efeitos se anulam, não dizem, pois não apontam para o que vige, isto é, para a presença. Percorrendo o caminho inverso do devir, elas encontram algo não essencial da presença, algo que sobrevenha como precaução ou mesmo substituição. Com esta crítica não se quer eliminar toda esta forma de proceder, mas apenas ganhar o que porventura perdeu-se na busca da sabedoria. E isto diz respeito ao deixar ser, à presença como finitude, e ao aspecto não-causal da existência.
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