Apartamento. Dia. 3 Amigos conversam. O número 1 sente cheiro de fiação pegando fogo. Vai verificar e vê que o aquecedor do banheiro esta em chamas. Correria geral, nenhum dos três sabe bem o que fazer. Chega uma quarta pessoa que foi chamado para resolver o problema e resolve. Esta quarta pessoa não é amiga de ninguém que está no apartamento. Depois do problema resolvido e da quarta pessoa ter indo embora, os três amigos conversam vivamente sobre a situação. Eles fazem piada sobre o acontecido e sobre a incapacidade deles diante do acontecido. No meio desta conversa o amigo número 2 diz para o número 3(o número 1 tinha saído nesta hora, ido ao banheiro, não sei bem):
-Nós, burgueses, estamos absolutamente despreparados para este tipo de situação.
O número 3 responde:
-Eu não sou burguês. Estou despreparado, mas não por ser burguês.
Referir ou diferir?
Uma multiplicidade se aloja na longa esteira do olhar duplo. Homem-maquina tecendo arbitrariedades e desejando o entre das heterogeneidades. Desejo sempre submerso pela força do movimento dissipador deste entre. (Como origem a fonte se afoga, como fenda sem força que não funda). Desejo movimento. Nomadismo ambulante.
Se algo me deixa alegre e vivo é, sempre, pelo sofrimento que me causa. Não um sofrimento de martírio, mas, sim por um descontentamento irreconciliável (é pela necessidade, então, que nos deslocamos), que é afinal o lugar onde se articula a possibilidade para por toda questão, necessariamente tremida, sem foco, só jogo, sem resolução, nem visibilidade de verdade. Sem antes, nem anti.
Adiantar-me, precipitar-me, numa precipitação que lambe todo limite e sente seu gosto-outro, e sabe de maneira doentia (que é a maneira do discurso outro) desejar este gosto, para além de conhecê-lo. O que é isso se não um desejo ilegítimo, (vindo sei lá de onde, ou nascido desta precipitação, sendo esta precipitação sem nascedouro. Precipitação.) de desafirmar, sem, porém, cair na pura oposição dicotômica re-afirmadora do discurso, ele mesmo. Desafirmar ele mesmo, só sendo ilegítimo. Desafirmar o legitimo, a possibilidade possessiva e opressora da legitimidade.
Certa ponte-espiral, que foi levada por aquela última chuva forte, já se precipitou (claro, em espiral). Agora, posso.
domingo, 10 de janeiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Paulo Martins?
ResponderExcluirAh tá, Paulo Martins.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDesconforto/ movimento
ResponderExcluirDor/ Novas possibilidade de ser
Ser/ Sem permanecer em nenhuma prateleira do mercado dos arquétipos.
Há vida - vida que se vive alerta, como que provando tudo por primeira vez - ainda possível senão nos territórios que escapam?